terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Imaginação

Acredito que o ardente desejo de pertencer a outros mundos vêm da certeza inconsciente de que já viemos de outro lugar.
Em meio a este corriqueiro caminhar, vejo e ouço paisagens a todo momento. Fecho meus olhos e respiro... num instante me permito não estar ali,transporto-me ,transponho-me sobre sons familiares,pessoas e sensações as vezes infantis.
Sigo num fluxo descompassado do som opressor de fora.Ouço as batidas do coração,ora allegro,ora adagio,ora largo,ora vivace.Mergulho dentro de mim e me vejo infinito.
A tanta música em mim,a tanta dança em meus pés,a tantos de mim...guardado em secreto esperando ser luz e voz,movimento bradado ao mundo de forma libertadora!Para não mais me sucumbir aos ruídos que insistem querer habitar aqui dentro.
Exprimo memórias,busco serenidade em lugares que só existem em mim mesmo.
Sou pra mim caminho íngreme e exaustivo.E sigo de olhos fechados dentro de mim a caminhar...
Na estrada vejo sol de verão,brilha esplendorosamente, me fazendo sorrir com os olhos e refletir a minha volta a paz de estar iluminado. (Pego-me rindo,abro os olhos para esse cotidiano opressor,sinto-me inabalável!Fecho os olhos novamente e volto subitamente para dentro.)
Existem momentos em que o cansaço chega e o semblante ,como folhas secas, cai.Nessa hora vejo nascer em mim motivações maiores para frutificar a esperança.
O tempo passa e já sou primavera,forte,jovem,frondoso e revigorado,prossigo fazendo ver a alegria que jorra...
O frio pode chegar e com ele a sequidão gerada pelas incertezas,temores e novos desafios,mas sei que sempre haverá abrigo e abraços calorosos em meio a tempestade.
Sabendo das estações que sou e das músicas existentes e mim eu continuo  percebendo ao meu redor a beleza nas coisas ordinárias e coleciono em mim fragmentos de tudo que possa ser parte desse arquipélago que sou.


Escrito ao som de "A última estação."